segunda-feira, 20 de agosto de 2012

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O RECOMEÇO APÓS O CÂNCER
Família e amigos são essenciais na cura do câncer de mama, mostra dissertação de mestrado

 


A participação da família, dos amigos e dos grupos de reabilitação é essencial na reinserção das mulheres com câncer de mama na sociedade, revela pesquisa da Escola da Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. O estudo da enfermeira Aline Inocenti avaliou 14 mulheres submetidas à cirurgia para reconstrução mamária e cadastradas em um serviço especializado de reabilitação pós-mastectomia. O trabalho mostra que as mulheres tiveram apoio para se informar sobre a doença, realizar a cirurgia, nos cuidados pós-operatórios e na recuperação da autoestima.

O objetivo do estudo foi compreender como é a experiência da reconstrução mamária na vida de mulheres com câncer de mama. “Para compreender a experiência da reconstrução mamária pós-câncer de mama, a pesquisa qualitativa mostrou-se adequada a esse estudo por permitir a flexibilidade necessária para que os próprios sujeitos sejam capazes de apontar os aspectos, relacionados à reconstrução, que julgarem relevantes”, afirma Aline.

Em seu trabalho, ela ainda utilizou para análise um diário de campo como recurso para anotações complementares com o propósito de auxiliar na interpretação dos dados. “As notas de campo forneceram subsídios para a compreensão do contexto no qual as entrevistadas se inseriam e seu modo de agir e reagir às questões que lhes eram feitas, auxiliando, portanto, na compreensão de sentidos implícitos nas falas”, avalia.

O apoio do marido, irmã e de toda a família foi decisivo na recuperação de Neide Aparecida Justino Rosa, no processo de tratamento e reconstrução da mama, por conta de uma cirurgia para retirada de um tumor. Ela é uma das centenas de mulheres que passaram pelo Núcleo de Ensino, Pesquisa e Assistência a Mulheres Mastectomizadas (Rema) da EERP. “Descobri sozinha o caroço e fui ao médico para tirar, pois incomodava. A biópsia mostrou que era câncer. Além do apoio minha família também me deu de presente o silicone para a reconstrução”, conta. “Isso faz dez anos e até hoje não atrapalha em nada”, afirma.

Autoestima – Após a análise dos dados, a pesquisadora concluiu que a recuperação da mama devolveu a autoestima a algumas mulheres e, ainda, a sensação de estarem completas novamente. “A reconstrução mamária as ajudou a recuperar a autoimagem e a superar o trauma causado pela doença”, destaca. “As redes de apoio às mulheres com câncer se mostraram presentes em todas as fases do adoecer, desde o diagnóstico até a reabilitação.”

Aline é enfática ao dizer que foram fundamentais no processo o apoio e suporte da família, principalmente no que diz respeito aos aspectos financeiros e aos cuidados após a cirurgia. O papel dos amigos também foi essencial como fonte de estímulo e apoio à realização da reconstrução. Já o grupo de reabilitação, com um ambiente no qual havia informações a respeito da doença e estímulo para desenvolver novas habilidades, facilitando a melhora física e psíquica, foi fundamental para a reinserção das mulheres na sociedade.

“Por compartilharem dos mesmos problemas, essas mulheres dividem histórias de insegurança, medo, superação e conseguem, ao longo do tempo, tornar-se também fonte de apoio às demais integrantes do grupo”, finaliza a enfermeira. O mestrado “A experiência da reconstrução mamária para mulheres com câncer de mama” foi orientado pela professora Marislei Sanches Panobianco, da EERP, e defendido no mês de março passado.

Na EERP, o Rema, há mais de 20 anos, ajuda no processo de reabilitação dessas mulheres e dá assistência também a seus familiares. O núcleo tem em sua equipe enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e nutricionistas, contando com o espaço físico disponibilizado pela escola.

Qualquer mulher com diagnóstico de câncer de mama pode fazer parte do Rema gratuitamente. Mais informações pelo site www.eerp.usp.br/rema.

Por Camila Ruiz, de Ribeirão Preto
Fonte: Jornal da USP

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