terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

História do Corinthians. - http://valtatui-curiosidades.blogspot.com


História do Corinthians.











SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA
Fundado em 01 de setembro de 1910
Endereço: Rua São Jorge, 777 - Tatuapé
São Paulo/SP CEP 03087-000
Estádio: Alfredo Schurig (Fazendinha)
Capacidade: 00.000 pessoas
Site oficial:
www.corinthians.com.br

A idéia da fundação de um clube no Bom Retiro era assunto preferido dos funcionários da estrada de ferro São Paulo Railway e moradores, sem exceção do bairro. E isso começou a amadurecer quando Joaquim Ambrósio, Carlos Silva, Rafael Perrone, Antônio Pereira e Anselmo Correia foram juntos, assistir no campo do Velódromo a estrela do time inglês Corinthian (sem o s final) Team, na tarde de 31 de agosto de 1910.

Os ingleses derrotam a Associação Atlética das Palmeiras (nenhuma ligação com o Palestra Itália), por 2x0.
Voltaram do jogo maravilhados e com o pensamento mais forte na criação de um time de futebol no Bom Retiro.

Fundação

Um grupo de homens de vida humilde - os pintores de casa Joaquim Ambrósio, Antônio Pereira e César Nunes; o sapateiro Rafael Perrone; o motorista Anselmo Correia; o fundidor Alexandre Magnani, o macarroneiro Salvador Lopomo, o trabalhador braçal João da Silva e o alfaiate Antônio Nunes - decidiram fundar o seu próprio clube de futebol.

Assim, às 20h30m do dia 1° de setembro, à luz do lampião de gás, altura do número 34 que iluminava a da Avenida dos Imigrantes (atual José Paulino), no Bom Retiro, treze pessoas sacramentaram a fundação do Sport Corinthians Paulista, eles se reuniram e redigiram o primeiro estatuto do clube. Faltava apenas financiamento para o sonho se realizar. Foi aí que Miguel Bataglia entrou em cena. Bataglia era um requintado alfaiate; aceitou participar e foi oficialmente nomeado o primeiro presidente.

O clube já tomava uma cara, mas faltava o nome. As idéias passaram por Santos Dummont, Carlos Gomes e até Guarani, mas nenhuma delas foi escolhida. Foi então que Joaquim Ambrósio sugeriu homenagear o famoso time inglês que fazia uma excursão pelo país: o Corinthian Football Club. O clube que se tornaria o mais querido do Brasil já tinha nome. A torcida e a imprensa chamavam a equipe de Corinthian’s Team. Assim, a letra "s" foi acrescentada ao nome, e o clube ganhou o elegante nome Corinthians.

Primeira diretoria e sede

A primeira Diretoria ficou constituída da seguinte forma: Miguel Bataglia (presidente); Salvador Lapomo e Alexandre Magnuni (vice-presidentes); Antônio Alves Nunes (secretário); João da Silva (tesoureiro) e Carlos Silva (procurador geral). O local onde se confirmou a fundação do Corinthians, foi a residência do Sr. Miguel Bataglia; mas onde o clube foi sonhado e que deve ser considerado seu berço foi o salão de barbeiro de Salvador Bataglia, irmão de Miguel, e que existia à rua Júlio Conceição, esquina da rua dos Italianos. As reuniões continuavam sendo no salão de barbeiro de Salvador, mas ficou pequeno e a sede foi transferida para a confeitaria de Antônio Desidério, na rua dos Imigrantes, nr. 34, esquina com a rua Cônego Martins.

Os primeiros jogos

A estréia aconteceu dez dias após a fundação, em 10 de setembro de 1910. O adversário era o União da Lapa, uma respeitada equipe da várzea paulistana. Jogando fora de casa e esperando levar uma goleada, o Corinthians já mostrava que não estava para brincadeiras, e jogando com muita raça, acabou perdendo por apenas 1 a 0.
O Timão jogou assim: Valente, Perrone e Atílio; Lepre, Alfredo e Police; João da Silva, Jorge Campbell, Luiz Fabi, César Nunes e Joaquim Ambrósio.

Foi apenas um deslize. Quatro dias depois, no Campo da Rua Imigrantes, o Corinthians já mostraria que nasceu para vencer: 2 a 0 sobre o Estrela Polar. A honra do primeiro gol coube ao atacante Luís Fabi, que assim entrou para a história do clube. Nesta partida o Corinthians formou com Valente, Perrone e Atílio; Lepre, Alfredo e Police; João da Silva, Jorge Campbell, Luís Fabi, César Nunes e Joaquim Ambrósio. Depois disso, foram dois anos de invencibilidade.

Com os bons resultados e o crescimento da torcida - que desde sempre já se mostrava fiel e fanática - o Timão passou a pleitear uma vaga no Campeonato Paulista (1913). A Liga Paulista resolveu conceder uma chance, mas o Corinthians teria que disputar uma eliminatória. Não deu outra: dois jogos, duas vitórias - 1 a 0 no Minas Gerais, em 23 de março de 1913, e 4 a 0 no São Paulo do Bexiga, sete dias depois - e o passaporte carimbado para disputar o Paulistão deste mesmo ano.

Na primeira partida oficial, o Timão tropeçou no Germânia, perdendo por 3 a 1. MasJoaquim Rodrigues escreveu seu nome na história do Corinthians como o autor do primeiro gol em partidas oficiais. O Coringão acabou seu primeiro Paulista em 4°. lugar.

Em 1914, começava a hegemonia: no segundo Campeonato Paulista que disputou, o Corinthians não deu chance para os adversários. Uma campanha arrasadora, com dez vitórias em dez jogos, 39 gols marcados e goleadas para todos os lados. Neco (12 gols) ainda se sagrou o artilheiro da competição.

Começava assim a história do Sport Club Corinthians Paulista, um clube que ao longo dos seus (quase) cem anos passou pela várzea, lutou pelo profissionalismo, passou um jejum de 23 anos sem um título de expressão e foi rebaixado a série B do brasileirão. Mas invadiu o maracanã, conquistou o Brasil e dominou o mundo.


Momentos Marcantes

» 01 de setembro de 1910 nasce o Sport Club Corinthians Paulista.

» 10 de setembro de 1910. Nesta data, o Corinthians faz a primeira partida de sua história. Foi no campo da várzea da Lapa, com vitória do União por 1 a 0.

» 1913 - Após vencer dois jogos eliminatórios do Campeonato Paulista da Liga Paulista de Football, o timão ganhou o apelido de D'artagnan, o quarto mosqueteiro - Daí o surgimento da Mascote do clube.

» O mais antigo clássico paulista começou em 22 de junho de 1913. No Parque Antártica, o Timão caiu frente a equipe do Santos por 6 a 3.

» Corinthians 3 x 1 Barracas (da Argentina), no Parque São Jorge, em 01 de maio de 1929. Esta foi a primeira vitória do timão em jogos internacionais. E o jornal “A Gazeta” repercutiu o feito com a manchete do jornalista Thomas Mazzoni: o Corinthians venceu com "fibra de mosqueteiro" - a segunda versão da criação do Mascote do time.

» Em 5 de dezembro de 1976, a Fiel lotou o Maracanã. mais de 70 000 corinthianos invadem o Rio de janeiro para assistir a Semifinal do Brasileirão daquele ano. Foi o maior público pagante da história do clube (146.043 pessoas) e o maior deslocamento popular do mundo por causa de um evento esportivo em todos os tempos, e o Corinthians voltou classificado para final contra o Internacional.

» O ano que ninguém esquece. Em 1977, um gol de Basílio, aos 36 minutos do segundo tempo da decisão do paulistão daquele ano, mudou a história do Alvinegro. Naquela noite o time quebrou um jejum de 22 anos, oito meses e sete dias sem títulos de expressão.

» Em 29 de janeiro de 1983, Corinthians faz 10 a 1 no Tiradentes do Piauí, pelo campeonato brasileiro. É a maior goleada da história da competição.

» No dia 14 de janeiro de 2000 0 Timão vence o Vasco da Gama nos penais, em pleno Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, e conquista o primeiro campeonato mundial de clubes da FIFA.

» Uma das maiores frustrações da história do clube ocorre em 02 de dezembro de 2007. O Corinthians empata com o Grêmio e é rabaixado para a Série B do campeonato brasileiro.
» Corinthians completa 5000 jogos em sua história no dia 17 de fevereiro de 2008, no empate por um gol diante do Bragantino, em jogo do campeonato paulista. E por falar e empate, este foi o de número 1222.

» Timão faz jogo de número 1.500 no Pacaembú diante do ABC de Natal em 30 de agosto de 2008. O resultado: Corinthians 4 x 0 ABC.

» Corinthians vence o Ceará por 2 a 0, em 25 de outubro de 2008, e retorna a elite do futebol brasileiro com seis rodadas de antecedência.

» A data de 04 de março de 2009 é marcada pela estréia de Ronaldo "Fenômeno" depois de mais de um ano sem participar de uma partida. Ele jogou cerca de 25 minutos no jogo da Copa do Brasil, Itumbiara 0 x 2 Corinthians.

» O Timão conquista sua vitória de número 400 no Brasileirão ao vencer o Barueri, por 2 a 1, em 23 de maio de 2009 no estádio do Pacaembú.

» 29 de janeiro de 2010: Corinthians apresenta patrocínio de R$ 38 milhões por ano - o maior acordo de patrocínio de um time de futebol do Brasil, que terá início em 1° de fevereiro e será válido até 31 de março de 2012.

» Gol 10 mil: em 14 de março de 2010 o jovem Dentinho faz o gol 10 mil da história do Corinthians em partida do campeonato paulista contra o Santo André.

» 1° de setembro de 2010 comemora o Centenário.



O Mundial - Um evento Pioneiro

O Campeonato Mundial de Clubes da Fifa disputado no Brasil foi o primeiro acontecimento futebolistico internacional do novo milênio. Esta valente e nova iniciativa para juntar uma comunidade de clubes mais globalizada contou com a incrivel coleção dos melhores talentos do planeta.

Melhor jogador do Mundial

O atacante Edilson, do Corinthians, foi o ganhador da "Bola de Ouro Adidas". Seus dois gols e assistencia que deu , mostraram as enormes e variadas qualidades deste fantástico futebolista.

Trechos da materia do site da FIFA (14/01/2000)
Os corintianos são os primeiros campeões do mundo "com a boca cheia". Até hoje, o que se considerava um título mundial era a vitória da Copa Intercontinental, disputada em Tóquio.
No primeiro Mundial da Fifa, o título corintiano veio de forma dramática. Após empate em 0 a 0 com o Vasco, o Corinthians ganhou nos pênaltis por 4 a 3.
Dida pegou o penalti cobrado por Gilberto e, na última cobrançaa vascaína, que poderia adiar a definição, Edmundo chutou para fora.

Trecho da matéria do site UOL (14/01/2000)

Foto: FIFA.com
Ficha técnica das partidas
PRIMEIRA PARTIDA
05/Janeiro/2000

Local: estádio do Morumbi, em São Paulo
Árbitro: Stefano Braschi (ITA)
Cartões amarelos: Hrindou, Chadili e Misbah.
Gols: Luizão, aos 5min e Fábio Luciano, aos 20min do segundo tempo
CORINTHIANS 2 x 0 RAJA CASABLANCA
CORINTHIANS: Dida, Índio, João Carlos, Fábio Luciano, Kléber, Vampeta (Edu, aos 40min do segundo tempo), Rincón, Marcelinho Carioca (Marcos Senna, aos 19min do segundo tempo), Ricardinho, Edilson, Luizão (Dinei, aos 35min do segundo tempo). Técnico: Oswaldo de Oliveira
RAJA CASABLANCA: Chadili, Misbah, Talal, Jrindou, El Haimeur, Nejjary, Safri, Reda, Aboub, Moustaoudia e Khoubbache (Achami, aos 15min do segundo tempo). Técnico: Fathi Jamal
SEGUNDA PARTIDA
07/Janeiro/2000

Local: estádio do Morumbi, em São Paulo
Árbitro: William Mattus Vega (COS)
Cartões amarelos: Fábio Luciano, Kléber, Michel Salgado, Guti, Karembeu e Roberto Carlos
Gols: Anelka, aos 19min, Edilson, aos 28min do primeiro tempo; Edilson aos 18min e Anelka aos 25min do segundo tempo.
CORINTHIANS 2 x 2 REAL MADRID
CORINTHIANS: Dida; Índio, João Carlos, Fábio Luciano e Kléber; Vampeta (Edu, 29min do segundo tempo), Freddy Rincón, Ricardinho (Marcos Senna, aos 40min do segundo tempo) e Marcelinho Carioca, Luizão e Edilson. Técnico: Oswaldo de Oliveira.
REAL MADRID: Iker Casillas; Michel Salgado, Fernando Hierro, José Guti (Fernando Morientes, aos 24min do segundo tempo) e Roberto Carlos; Fernando Redondo, Christian Karembeu e Geremi (Steve McManaman, aos 24min do segundo tempo); Anelka, Raúl e Sávio. Técnico: Vicente del Bosque
TERCEIRA PARTIDA
10/Janeiro/2000

Local: estádio do Morumbi, em São Paulo
Árbitro: Dick Jol (HOL)
Cartões amarelos: Marcelinho, Adílson, Luizão, Harthi e Al Shokia
Cartão vermelho: Daniel
Gol: Ricardinho, aos 25min do primeiro tempo, Freddy Rincón, aos 37min do segundo tempo









FINAL
14/Janeiro/2000

Local: estádio do Maracanã no Rio de Janeiro
Árbitro: Dick Jol (HOL)
Cartões amarelos: Freddy Rincón, Adílson, Índio, Luizão, Felipe, Amaral, Paulo Miranda e Edmundo
Penalidades:
Corinthians: Freddy Rincón, Fernando Baiano, Luizão e Edu; Marcelinho Carioca desperdiçou.
Vasco: Romário, Alex Oliveira e Viola; Gilberto e Edmundo desperdiçaram.







 
CORINTHIANS 2 x 0 AL NASSR
CORINTHIANS: Dida; Daniel, João Carlos (Adílson, aos 10min do primeiro tempo), Fabio Luciano e Kléber; Vampeta (Dinei, aos 20min do segundo tempo), Freddy Rincón, Ricardinho (Edu, aos 28min do primeiro tempo) e Marcelinho Carioca; Edilson e Luizão Técnico: Oswaldo de Oliveira.
ALL NASSR: Mohammed Babkr; Mohsin Al Harthi, Hadi Sharify, Ibrahim Al Shokia e Abdallah Al Karni; Mansour Al Mousa, Mousa Saib (Fahad Mehalel, aos 29min do segundo tempo), Fahad Al Husseini (Abdulaziz Al Janoubi, aos 41min do primeiro tempo) e Ahmed Bahji; Fuad Al Amin e Muhaisen Al Dosari (Ismael Triki, aos 43min do segundo tempo). Técnico: Oscar-Luis Fullone
 
CORINTHIANS 0 (4) x (3) 0 VASCO DA GAMA
CORINTHIANS: Dida; Indio, Adilson, Fabio Luciano e Kleber; Vampeta (Gilmar, antes do inicio da prorrogação), Freddy Rincón, Ricardinho (Edu, no intervalo) e Marcelinho Carioca; Edilson (Fernando Baiano, aos 8min do 2° tempo da prorrogação) e Luizão Técnico: Oswaldo de Oliveira
VASCO DA GAMA: Helton; Paulo Miranda, Odvan, Mauro Galvão e Gilberto; Amaral, Felipe (Alex Oliveira, aos 12min do 1° tempo da prorrogação), Ramon (Donizete, aos 7min do 2º tempo da prorrogação) e Juninho (Viola, aos 6min da prorrogação); Romário e Edmundo Técnico: Antônio Lopes


Corinthians: histórias da invasão dos loucos no Japão

Casos curiosos, choque cultural e festa — assim foi a passagem de milhares de torcedores corintianos, de todas as partes do mundo, pelo organizado e discreto Japão

 
SÃO PAULO É AQUI - Na contramão das orientações da polícia local, os corintianos pararam o trânsito de Toyota, a caminho da semifinal contra o Al Ahly, do Egito (MASTRANGELO REINO / FRAME / FOLHAPRESS)
No dia da chegada do time a Nagoia, os torcedores transformaram o saguão do hotel Hilton em arquibancada, com batucada, bandeiras e pessoas pulando e entoando gritos e músicas
Famosa pela relação sempre apaixonada e intensa com seu time do coração, a torcida corintiana escreveu no Japão uma nova página na história do futebol. Nunca antes em um Campeonato Mundial de Clubes tantos torcedores de um mesmo clube se dispuseram a viajar de um continente a outro só para ver seu time jogar. A comoção começou antes, no aeroporto de Cumbica, em São Paulo, tomado de assalto pela multidão embandeirada que foi se despedir dos jogadores — um espetáculo de euforia contagiante que infelizmente acabou em vandalismo e depredações. Transportada ela mesma para o Japão, no primeiro jogo do Corinthians, contra os egípcios do Al Ahly, a Fiel, de novo, fez barulho: era a imensa maioria no público de 31.000 pessoas, fazendo do estádio de Toyota uma sucursal do Pacaembu. “O Corinthians tem um poder de mobilização inexplicável que consegue unir no mesmo amor gente de todas as raças, religiões e classes sociais”, derrama-se o infectologista Artur Timerman, que viajou de São Paulo ao Japão para acompanhar a saga corintiana ao lado da mulher, irmão, filhos e sobrinhos, todos corintianos roxos. “Assim que ganhamos a Libertadores, prometi que daria esse presente para a minha família”, explica, como se fosse coisa explicável.
Mauro Horita/Agif/Folhapress
SE ORIENTEM, RAPAZES - Corintianos a caminho do estádio: o branco, o preto e o vermelho da bandeira japonesa despontam no céu de inverno
Cada integrante do bando de loucos em terras japonesas tem uma história para contar. Sidnei Ber, engenheiro civil de 34 anos, é um exemplo do ponto a que chegaram os corintianos mais corintianos. Ele embarcou para Tóquio na sexta-feira, 14, às 20h55 — chegou ao aeroporto de Haneda, via Madri e Pequim, às 13h do dia da final contra o Chelsea. Viu o Timão vencer, passou algumas horas em um hotel e no dia 17, segunda-feira, retornaria campeão a São Paulo. Ficou 24 horas no Japão e 56 no ar. Viajou de econômica. Como tem 1,94 metro de altura, apenas pediu para a TAM, no primeiro trecho da aventura, um lugar um pouquinho melhor. O que ele tem a dizer de tudo isso? “Minha mulher é espetacular, ter a grandeza de me apoiar numa loucura dessas, não é coisa comum, não.” Outro paulista, Isaach Menache, não só viajou da Cisjordânia, onde mora, para o Japão como ainda precisou encher a mala de latinhas de atum, castanhas de caju e barras de cereal, alimentos permitidos pelos preceitos judaicos. “O Corinthians está tão famoso que, quando visto a camisa do time por lá, muitos árabes fazem questão de me parar na rua para cumprimentar”, comenta. Para pagar a passagem, os irmãos Camila e Tiago Gattermeyer, que vivem na Nova Zelândia, venderam até alguns de seus aparelhos eletrônicos, sem arrependimento algum. “Moramos longe e tínhamos muita saudade de ver o Timão”, diz Camila. Com um canguru amarelo devidamente uniformizado que fez muito sucesso na Toyota, o eletricista Alexandre Pantigas conta que convenceu o patrão em Sydney, na Austrália, a liberá-lo do trabalho por uma semana. “Vim ajudar a escrever mais uma parte da história do Corinthians e homenagear meu pai, que também é doente por este time”, justifica.
Ricardo Nogueira/Folhapress
ATÉ DEBAIXO DA TERRA - Alegria dos brasileiros e espanto dos japoneses na farra de quem atravessou o mundo e foi parar no quietíssimo metrô japonês
Procedentes de toda parte, os torcedores corintianos nem bem desembarcavam e já tinham feito um milhão de amigos com camisa, casaco ou bandeira do time. “Quando desci em Narita me senti no aeroporto de Cumbica, de tantos corintianos que havia por todos os lados”, diz o estudante Ricardo Noryo, que veio de São Paulo. “Muita gente em Israel me perguntou se eu não tinha medo de ir sozinho ao Japão. Eu sempre respondia: vou ter pelo menos 20.000 amigos me esperando lá”, acrescenta Menache. Eles estavam por toda parte, mesmo: no jogo do inglês Chelsea com o mexicano Monterrey, quem mais fazia bagunça no estádio eram os brasileiros.
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A maior parte da legião corintiana planejou a viagem passo a passo, com passagens, diárias de hotel e trechos terrestres pré-reservados. Muitos se uniram a excursões como a “Vai Corinthians”, operada pela agência de viagens CVC, que lançou pacotes de nove diárias de hotel e passagem aérea por doze parcelas de 473 dólares. “Viajar para o Japão não fazia parte dos meus planos. Mas depois da conquista da Libertadores cresceu a minha vontade de participar de mais esta aventura. Além disso, agrado minha mulher, que sempre teve curiosidade de conhecer esta parte da Ásia”, diz o despachante Arcangelo Sforcin, veterano das invasões corintianas: esteve no Maracanã em 1976, contra o Fluminense, pela semifinal do Campeonato Brasileiro, e em 2000, no primeiro Campeonato Mundial, na final contra o Vasco. Nem todo mundo, porém, planejou tudo direitinho. Fazendo mais jus ainda à fama de loucos, muita gente chegou ao Japão com dinheiro contado e dormiu em lan houses, para escapar do frio intenso de dezembro. Outra dificuldade era entender os mapas, sempre confusos e com os dizeres em japonês. Seria até mais se Aichi, a província onde fica o estádio de Toyota, não concentrasse um terço dos 210 mil brasileiros que vivem no Japão. O serralheiro João Paulo Ribeiro passou 18 horas sem saber onde estava, passando frio em uma estação de trem próxima ao estádio, até ser resgatado por outro brasileiro radicado na cidade, que o ajudou a achar o endereço da casa de amigos onde ia se hospedar.
Lailson Santos
VÍRUS CORINTIANO - O infectologista Artur Timerman (aqui em foto feita em São Paulo, antes do embarque) foi com o filho, netos, sobrinhos e mulher para o Japão. “Assim que ganhamos a Libertadores prometi que daria esse presente para toda a família”, diz 
Haveria mais corintianos ainda nos estádios se os brasileiros que moram no Japão não estivessem entre os mais afetados pela recessão econômica que atinge o país. Ou não: o desempregado Jefferson Rezende, há sete anos no Japão, usou parte da indenização que recebeu ao ser dispensado para alugar uma suíte no mesmo hotel cinco estrelas em que a delegação corintiana ficou hospedada em Nagoia, para ficar perto de seus ídolos. Do quarto, Rezende distribuiu dicas para os torcedores brasileiros, transmitidas via Skype para a emissora de rádio Livre Gaviões. “Achei importante ajudar as pessoas a entender a cultura japonesa e não arranjar confusão por aqui”, explica. “Os torcedores corintianos estabelecidos no Japão funcionaram como um formidável colchão para evitar atritos e mal-entendidos”, elogia o diplomata Alexandre Alvim Ribeiro, secretário do consulado-geral do Brasil em Nagoia. “Deixamos dois celulares de plantão para prestar assistência e não recebemos nenhuma chamada”.
Ricardo Trida/Estadão Conteúdo
E QUANDO VOLTAREM? - Mais de 10.000 pessoas foram se despedir da equipe no aeroporto de Cumbica — no início, muita festa. No final, confusão das boas
Outras orientações podiam ser obtidas no “Guia do Torcedor”, um livreto com 24 páginas e patrocínio de estatais como Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Petrobrás que, entre outras coisas, aconselhava os brasileiros a “não batucar nos vagões do metrô” – local onde até atender ao celular é mal visto.  O conselho não foi seguido. “Houve muita cara feia dos japoneses diante dos nossos gritos de guerra”, admite o consultor de investimentos Ivan Alves, de São Paulo. Nos estádios, os fiscais faziam de tudo para impedir que torcedores como o médico Timerman e sua turma trocassem seus assentos por um lugar de pé junto ao alambrado. “Insistiam para a gente sentar, mas não demos bola”, diz ele. No dia da chegada do time a Nagoia, os torcedores transformaram o saguão do hotel Hilton em arquibancada, com batucada, bandeiras e pessoas pulando e entoando gritos e músicas. A segurança do hotel foi acionada e, a certa altura, tentou confiscar as bandeiras. Aí, os ânimos se exaltaram.  “Avisamos que nelas ninguém tocaria”, disse Marcos Fagundes, operário de uma fábrica de pneus na região. Para evitar novas manifestações, a gerência do hotel colocou uma placa proibindo a entrada de torcedores do Corinthians. Não foi respeitada, claro. Depois de uma semana intensa, a torcida voltou para casa, com a alma lavada. Nem ela, nem o Japão, vão se esquecer desta invasão.
Esta reportagem é parte integrante da edição especial de VEJA e Placar sobre o título mundial corintiano, que você pode baixar no IBA ou no tablet a partir da tarde deste domingo.
Fernando Valeika de Barros, de Nagoia
 
 






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