Dia da Imprensa: um pouco de história |
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Acreditava-se que com a fuga da família real para a colônia, especificamente para o Rio de Janeiro, surgiu o primeiro jornal de língua portuguesa nestas terras: a Gazeta do Rio de Janeiro. Era uma espécie de Diário Oficial da Coroa, editado pelo frei Tibúrcio José da Rocha. Seria um jornal oficial da família real o início do jornalismo brasileiro? Um periódico de decretos do rei, não de notícias, sem a menor inspiração de independência. Há como se pensar em jornalismo verdadeiro sem liberdade? É óbvio que não. Naquele momento a Gazeta não fazia jornalismo. Mesmo assim e revelando muito mais que um ato, o presidente Getúlio Vargas baixou um decreto oficializando o dia 10 de setembro de cada ano como o Dia da Imprensa no Brasil. A data é uma referência a primeira edição da Gazeta do Rio de Janeiro, 10 de setembro de 1808. Antes, porém, da Gazeta do Rio, o brasileiro Hipólito José da Costa Pereira tinha lançado em Londres e enviava clandestinamente para o Brasil o seu Correio Braziliense, um periódico independente da Coroa e de caráter noticioso, científico, que trazia para cá notícias do mundo e comentava fatos no Brasil. Por conta da campanha do memorável Barbosa Lima Sobrinho, em 2000 o Congresso Nacional aprovou um projeto e o presidente Fernando Henrique o sancionou mudando a data do Dia da Imprensa para 1o de junho, dia em que circulou a primeira edição do Correio Braziliense (1 de junho de 1808). O interessante é que a definição dessa data não fez encerrar as discussões sobre o pioneirismo no jornalismo brasileiro. O grande estudioso e talvez o primeiro professor de comunicação do país, Costa Rego, defende que antes de frei Tibúrcio e Hipólito da Costa veio Tavares Bastos. Já o bravo jornalista Carlos Alves Muller acredita que muitos outros nomes fizeram jornalismo antes dos três já citados, todos, segundo ele, contrários à independência do Brasil. Muller advoga os nomes de Antônio Isidoro da Fonseca, primeiro tipógrafo a imprimir no Brasil (1746); ou João Soares Lisboa, editor do Correio do Rio de Janeiro, que duramente reagiu contra uma lei de D. Pedro I que censurava imprensa. João Soares defendia a convocação de uma constituinte brasileira. Carlos Muller chama atenção também para Frei Caneca, um dos líderes da revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador. Ele morreria fuzilado, tornando-se o primeiro mártir da imprensa brasileira. Lembra ainda Muller do médico italiano Líbero Badaró, editor do Observador Constitucional, guerreiro defensor liberdade de imprensa, sendo assassinado em novembro de 1830. Certamente essa é uma discussão que exige muito mais pesquisas e debates, que estão acontecendo e objetivam compreender as raízes do jornalismo brasileiro. O que vale por hora é deixar registrado que o dia oficial da imprensa é 1 de junho numa homenagem ao trabalho de Hipólito da Costa. O Correio Braziliense era uma publicação mensal, política, mas com grande cobertura científica, econômica e social e que teve uma importância vital na formação do país. Na coluna de amanhã, a história de Hipólito da Costa e do seu jornal. Fonte: “Incursões Pioneiras de Hipólito da Costa no Mundo da Imprensa” - José Marques de Melo Por José Cristian Góes |
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